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Litoral registra aumento no número de encalhes de tartarugas-marinhas no Paraná

Com mais de 450 ocorrências registradas desde outubro de 2024, especialistas investigam causas

Litoral registou um aumento no encalhe de tartarugas-marinhas
Litoral registou um aumento no encalhe de tartarugas-marinhas -

Lucas Ribeiro

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Desde outubro de 2024, o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), executado pelo Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), tem registrado um crescente número de encalhes de tartarugas-marinhas na costa paranaense. Os dados dos últimos meses indicam um cenário preocupante para a conservação dessas espécies, especialmente para a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), que representa a maioria dos registros (241 ocorrências). 

Nos três últimos meses de 2024, foram contabilizados 325 encalhes de tartarugas-marinhas no litoral do Paraná. Desde o início de 2025, entre 1º de janeiro e 15 de março, mais 127 ocorrências foram registradas. Os números chamam a atenção dos pesquisadores, principalmente pela alta incidência de tartarugas-cabeçuda: 66 foram registradas em 2025, mas apenas duas estavam vivas. Esse índice reforça a necessidade de investigar as causas dos encalhes, bem como a implementação de medidas eficazes para reduzir os impactos sobre a fauna marinha.  

INVESTIGAÇÕES -  Os encalhes de tartarugas-marinhas podem estar relacionados a diferentes fatores, como a captura acidental na pesca, a ingestão de resíduos, como os plásticos, e consequência dos efeitos de outras formas de poluição marinha. A intensificação do monitoramento realizado pelo PMP-BS/LEC-UFPR permite que os pesquisadores coletem dados para compreender as ameaças e trabalhar no desenvolvimento de estratégias de conservação. 

Quando o animal é encontrado com vida, a equipe responsável o transporta para o Centro de Reabilitação, Despetrolização e Análise da Saúde da Fauna Marinha da UFPR (CReD-UFPR). No CReD, o animal passa por uma série de exames clínicos e laboratoriais para diagnosticar possíveis doenças, avaliar seu estado nutricional e identificar as possíveis causas do encalhe. Após a estabilização, inicia-se um tratamento que pode incluir suporte nutricional, administração de medicamentos, fisioterapia e monitoramento contínuo.  O objetivo é garantir que o animal recupere a saúde e possa ser reinserido ao oceano em segurança. Entretanto, muitas tartarugas encalhadas não resistem devido à gravidade do seu estado, reforçando a necessidade de ações preventivas e políticas públicas voltadas à conservação marinha. 

De acordo com o médico veterinário Fábio Lima, responsável técnico do PMP-BS na UFPR, cada animal fornece informações valiosas para a ciência. “A análise dos encalhes nos permite compreender melhor as ameaças enfrentadas pelas tartarugas-marinhas e desenvolver estratégias para minimizar esses impactos. O trabalho de reabilitação não apenas salva vidas individuais, mas também contribui para o conhecimento científico e para a conservação da biodiversidade marinha”, explica.  

SAÚDE ÚNICA - O aumento no número de encalhes de tartarugas-marinhas reforça a importância do conceito de Uma só saúde (One health), que reconhece a interconexão entre a saúde dos animais, do meio ambiente e das pessoas. Esse conceito vem sendo globalmente debatido por especialistas como uma abordagem fundamental para enfrentar os desafios ambientais atuais. 

As tartarugas-marinhas são consideradas sentinelas da saúde dos oceanos, pois refletem as mudanças ambientais e os impactos das atividades humanas. A poluição, por exemplo, afeta diretamente esses animais, que frequentemente ingerem resíduos plásticos, confundindo-os com alimentos. Além disso, a captura acidental em redes de pesca continua sendo uma das principais ameaças à sobrevivência da espécie, evidenciando a necessidade de proposição de melhorias na cadeia produtiva pesqueira, incluindo regulamentações mais eficazes e fiscalização das práticas em águas brasileiras. “A conservação marinha não é apenas uma questão ecológica, mas também de saúde pública. Os oceanos desempenham um papel essencial na regulação climática e na manutenção da biodiversidade. Proteger a fauna marinha é garantir o equilíbrio ambiental e o bem-estar das futuras gerações”, destaca a professora Dra. Camila Domit, coordenadora do PMP-BS/UFPR e do LEC-UFPR. 

Ações de conservação envolvendo a avaliação da mortalidade das tartarugas marinhas e busca de soluções para os impactos que afetam estes animais e seus habitats são parte do Plano Nacional de Conservação das tartarugas marinhas, assim como de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil (ex. Convenção da Diversidade Biológica, Convenção das espécies migratórias, etc). A equipe LEC-UFPR soma esforços para alcance destas ações e contribui com resultados esperados no âmbito da iniciativa global Década do Oceano

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